terça-feira, 14 de junho de 2011

Aviso


O blog entra em recesso agora, deve voltar em meados de Agosto e finalmente se encerrar em Setembro. É isso, espero que assim seja, rs. Um abraço e até breve.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Raízes do ódio


Há uma manipulação da História que acaba referendando a reforma agrária, assim como induz a condenação da propriedade privada, dos proprietários rurais e, de quebra, do capitalismo.

Ensina-se nas universidades e escolas que, anteriormente à Revolução Industrial, os cercamentos ingleses (a delimitação das propriedades rurais) jogaram dos campos para os subúrbios ingleses, milhares de ex-camponeses que serviriam como mão-de-obra barata às incipientes indústrias, sendo exploradas pelos pérfidos capitalistas no início da Revolução Industrial.

Já no Brasil quem é taxado como vilão é o famigerado latifundiário, muitas vezes ainda chamado de grileiro, que tomou a terra dos pobres posseiros que não tinham títulos de propriedade da área onde estavam. Estes posseiros, por sua vez, tiveram que se encaminhar para as cidades, aumentando a favelização e a criminalidade urbana. Dessa forma, a reforma agrária nada mais é do que a justa redistribuição de terras para aqueles que foram dela tiradas. Esta tese foi encampada pelo falecido sociólogo Betinho e até por alguns atores globais em campanha de opinião pró-reforma agrária.

As duas visões acima expostas são errôneas, mas elas estão entre as que geram preconceitos contra a classe rural.

Tanto na Inglaterra do século 18, assim como no Brasil de meados do século 20, morar no campo só era bom na cabeça de alguns ditos intelectuais urbanos. As cidades sempre foram um atrativo por seus recursos – fossem de saúde, trabalho ou convívio social – para pessoas que moravam isoladas e muitas vezes padeciam à míngua.

Os historiadores neomarxistas omitem que o tão condenado uso de mão-de-obra infantil no início da Revolução Industrial, era comum já bem antes no meio rural. Omitem que sob o feudalismo, o destino de muitos camponeses era a fome e a morte. Omitem que a população rural inglesa buscou nas fábricas uma fonte de sustento, assim como chineses fazem hoje na China, com mais de duzentos anos de atraso. Omitem que o capitalismo melhorou a vida dos trabalhadores à medida que evoluiu.

No Brasil não podemos deixar de dizer que houve problemas em regiões que estavam sendo colonizadas, mas daí a generalizar os proprietários rurais como latifundiários ou grileiros, é uma injustiça, ou, no mínimo, uma difamação. Muitos posseiros se mantiveram nas áreas que foram legalmente tituladas pelo Estado aos fazendeiros. Outros preferiram trocar suas áreas por uma casa na cidade, o que era muito mais interessante para eles do que viver na insegurança do campo, rodeados por cobras, onças ou doenças advindas da mata.

Isto sem dizer que a maior parte das áreas rurais era desabitada, o Brasil é um país continental e que até há poucas décadas tinha um povoamento essencialmente litorâneo. É ilusão pensar que o êxodo rural foi causado por grileiros que expulsaram posseiros, aliás, isto é mentira. O êxodo rural é um fenômeno mundial e, sobretudo, de livre opção daqueles que saíram, e saem, do campo.

Os pioneiros que chegaram de carro de boi para desbravar áreas até então desabitadas se surpreenderiam se décadas depois ouvissem nas faculdades os professores contarem como eram poderosos aqueles tais latifundiários (eles). Pior ainda seria saber que eram chamados de improdutivos, de certo porque não possuíam maquinário ou machados suficientes para derrubar hectares de matas.

Não menos desanimador é pensar no produtor que entrou há vinte, trinta ou cinquenta anos na atividade rural e agora carrega a culpa – às vezes sem nem saber disso – de ser um gerador de injustiça social ou algo do tipo.

Qual a implicação disso tudo?

Políticas públicas errôneas. Difamações. Animosidade social.

Qual a solução?

A verdade. O debate. A razão.



Mises (novamente ele) em As Seis Lições escreveu:

“A velha história, repetida centenas de vezes, de que as fábricas empregavam mulheres e crianças que, antes de trabalharem nessas fábricas, viviam em condições satisfatórias, é um dos maiores embustes da história. As mães que trabalhavam nas fábricas não tinham o que cozinhar: não abandonavam seus lares e suas cozinhas para se dirigir às fábricas - corriam a elas porque não tinham cozinhas e, ainda que as tivessem, não tinham comida para nelas cozinharem. E as crianças não provinham de um ambiente confortável: estavam famintas, estavam morrendo.

E todo o tão falado e indescritível horror do capitalismo primitivo pode ser refutado por uma única estatística: precisamente nesses anos de expansão do capitalismo na Inglaterra, no chamado período da Revolução Industrial inglesa, entre 1760 e 1830, a população do país dobrou, o que significa que centenas de milhares de crianças – que em outros tempos teriam morrido – sobreviveram e cresceram, tornando-se homens e mulheres.”