quinta-feira, 29 de maio de 2008

O paradoxo vegetariano


Dias atrás vi na TV uma matéria sobre vegetarianismo. Lá pelas tantas uma mulher entrevistada explicou que os vegetarianos têm muito amor pela vida e quando descobrem como são criados e abatidos os animais de produção, se sentem impelidos a deixar de consumir carne.Parece ser uma atitude muito nobre, mas há nela algumas inverdades e um paradoxo.

Primeiro que os animais (entenda-se bovinos, fonte de carne vermelha) na maior parte do Brasil, são criados em regime semi-extensivo, num ambiente muito pouco estressante, principalmente quando comparado aos estabulamentos europeus ou norte-americanos. E mesmo os confinamentos brasileiros (que, se bem realizados, nem podem ser considerados geradores de stress) são feitos por períodos curtos, geralmente 3 ou 4 meses.

Durante a vida do animal não há sofrimento impingido a eles, pelo contrário, cada vez mais os produtores buscam melhorias em alimentação, sanidade, manejo e bem-estar animal, para que a atividade se torne mais rentosa. Claro, ainda existem criadores que, por falta de manejo da pastagem e suplementação alimentar na seca, deixam seus rebanhos emagrecerem, e os lucros também. Ruim para os animais e para seus donos.

A mulher da tal entrevista poderia argumentar que vivendo de modo livre ou selvagem, os bovinos estariam melhores. De forma alguma. Basta pensar nas infecções e míiases (bicheiras) que estaria sujeito um animal que ao nascer não tivesse seu umbigo curado. As diarréias e bacterioses que não seriam tratadas a contento. As verminoses que os enfraqueceriam. As doenças acarretadas pela falta de vacinação. Enfim, sua qualidade de vida sanitária seria muitíssimo mais precária e sujeita a maior mortalidade em condições naturais do que numa criação comercial.

“Tudo bem.”, falaria algum vegetariano. “Mas pelo menos não morreriam num frigorífico.” Ora, morreriam enfermos como demonstrei, ou senis, nas garras de um predador, mas morreriam. No frigorífico pelo menos sao abatidos sendo previamente dessensibilizados.

Mas atentemos para o paradoxo: Os vegetarianos no afã de proteger a vida destes animais, provavelmente, se conseguissem ganhar mais adeptos à sua prática, estariam diminuindo a chance desses animais viverem. Explico.

Temos hoje aproximadamente 200 milhoes de cabeças de gado no Brasil. Se de uma hora para outra grande parte das pessoas resolvessem, por amor aos bovinos, aderir ao vegetarianismo, o resultado seria a diminuição brutal do rebanho. Ou seja, condenar-se-ia peremptoriamente à morte muitas matrizes e reprodutores que poderiam ter uma vida mais longeva, pois não haveria interesse econômico na continuidade de sua criação. Milhões de bezerros que teriam chance de vir ao mundo, simplesmente não existiriam.

Alegam-se outras coisas para prática vegetariana, todas refutáveis, diga-se de passagem. Mas este paradoxo me parece muito interessante. Ou seja, os vegetarianos em pretenso ímpeto de proteger a vida dos bovinos, estariam acarretando mais mortes e diminuição do rebanho, com uma pior qualidade de vida para os remanescentes, se estes fossem relegados à vida selvagem.

Dessa forma, sigo comendo meu churrasco de consciência tranqüila.



Obs: Pra quem não entendeu a imagem, trata-se de Pamela Anderson num biquíni de alface. Os vegetarianos adoraram. O alface.