segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mensagem

Pessoal, meu computador está no conserto há dias, por isso não atualizei o blog no fim de semana. Como já vai ser Natal e Ano-Novo, acho que só volto no ano que vem.

Boas festas a todos!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Documentação

Janer Cristaldo escreveu um ótimo livro-reportagem denominado: "Ianoblefe - o jornalismo como ficção". Ele está publicando trechos no seu blog, mas o livro pode ser inteiramente acessado na Net.

No decorrer dos dias, como nenhum cadáver havia sido achado, o número de chacinados foi diminuindo. Foi fixado finalmente em 16. A única prova da chacina foi... um dente, encontrado pela Polícia Federal e exibido em grandes fotos pela imprensa, na ponta do dedo de um policial. Em verdade, não foi encontrado um só cadáver.

Relato toda essa farsa em Ianoblefe - o jornalismo como ficção. O livro foi recusado por cerca de vinte editoras. "Não podemos nos indispor contra todos os jornais do país", resumiu um editor. Mas foi aceito pela Ebooksbrasil, tocada por Teotonio Simões, e pode ser baixado de http://www.ebooksbrasil.org. Recomendo.

Cadáveres, nenhum. Mas o juiz Catta Preta não tem dúvidas de que houve o massacre. Como prova do crime, aceitou laudos de antropólogos sobre os hábitos culturais dos ianomâmis ...

Os uaicás, xirianás, iecuanás, macus e maiongongues, segundo Menna Barreto — ou ianomâmis, como os rebatizou Andujar — têm hoje a posse de 9,4 milhões de hectares, uma extensão territorial que jamais conseguirão controlar.

Não bastasse esta imensidão de terras entregue por Collor de Mello a um punhado de seres primitivos, incapazes de constituir ou gerir um Estado, o presidente Fernando Henrique Cardoso acaba de demarcar uma área ainda maior, de 10,6 milhões de hectares (território equivalente a Cuba) na região conhecida como Cabeça do Cachorro, no noroeste do Amazonas. A demarcação, feita com patrocínio do G-7 (grupo formado por EUA, Japão, Canadá, Alemanha, França, Grã-Bretanha e Itália) revoga e engloba 14 "ilhas" descontínuas, criadas durante o governo Sarney (1985-90).

Antes da nova demarcação, as 14 "ilhas" tinham apenas 2,6 milhões de hectares. Esta Cuba será entregue a cerca de 30 mil índios, quase 10% da população indígena do Brasil, espalhados em 600 comunidades de 23 etnias, como baré, suriana, maku, baniwa e tucano, entre outras.

Detentores de 11% do território nacional, os 325 mil índios brasileiros se candidatam fortemente à condição de maiores latifundiários do planeta.

Ironicamente, habitam o mesmo país em que o Movimento dos Sem-terra (grupos armados de fuzis, foices e facões, organizados pela Igreja Católica) invade e desmonta propriedades produtivas, com técnicas de guerrilha e sob as bandeiras de Mao Tse Tung e Che Guevara.

Alegam os defensores dos “povos da floresta” que todo o território brasileiro lhes pertencia, antes da chegada dos portugueses. Ocorre que os nativos não pediram passaporte a Cabral, nem lhe exigiram visto de entrada. Ora, sem Estado constituído, povo algum pode pretender a posse de qualquer território.

Postos em quarentena pela antropologia militante, isolados deste século por uma política oficial de Brasília, uma merencória opção é deixada aos autóctones de Pindorama: morrer de fome ou depender da caridade pública. Integrar-se ao século XX, jamais: os antropólogos precisam preservar, congelados no tempo, seus objetos de estudo.

E assim prepara-se o Brasil para entrar no terceiro milênio. Deixando para trás, perdidos no passado, seus primeiros habitantes.

http://cristaldo.blogspot.com/2008_12_01_archive.html

Contra toda mistificação!


Colapso Mental


Por: Anselmo Heidrich

Pois é... Jared Diamond (foto) escreveu um livrão que aponta a decadência de uma das ilhas do Pacífico por sua suposta hiper-exploração de recursos naturais.Engraçado como o mesmo não aconteceu com outras centenas de ilhas daquele oceano. Estranho criar uma regra a partir da exceção...

Jared Diamond e Thor Heyerdahl criaram o mito do colapso ambiental na Ilha de Páscoa.A tese é de que a super-exploração ao desmatar a ilha os impediu de obter matéria-prima para suas canoas e pesca. Consequentemente, a fome levou a guerra civil e ao canibalismo.

Na verdade, a coisa é bem mais simples do que tudo isto...Quando os europeus descobriram a ilha em 1722, com seus navios baleeiros em busca de água e alimento, também procuravam mulheres. As DSTs se disseminaram.Mais tarde, em 1805, a escuna americana Nancy raptou escravos; em 1862, foi a vez do Peru.

Após protestos internacionais, 100 sobreviventes foram repatriados e com eles, vieram a varíola e a maioria dos nativos morreu.Em 1870, europeus forçaram os nativos a entrar nos navios queimando suas plantações.

O Chile colocou os poucos nativos remanescentes num campo de concentração em 1888, após a anexação da ilha.Quando os holandeses aportaram por ali, em 1722, as choças nativas estavam cobertas com folhas de palmeira. Como, se não havia mais árvores no século XV, segundo Diamond?Embora Diamond diga que havia trimoras (árvores locais) no século XV, para construção de pequenas canoas, as estátuas ainda eram transportadas no século XIX.

Neste mesmo século houve epidemia de sarampo, o que não impedia os ilhéus de cultivarem bananas, batatas e cana-de-açúcar. A ilha ainda tinha lagos com solos ricos nas margens que nunca foram cultivados.

Ah... Mas, não tinham canoas para a pesca! O oficial da marinha americana W. S. Thomson que viveu por lá em 1890 relatou que as lagoas eram repletas de lagostas e caranguejos. Nas praias havia tartarugas marinhas, ou seja, ovos e carne. Entre os artefatos dos locais havia anzóis de pedra e osso, redes de pesca de amoreiras...

Adotavam as temporadas de pesca para evitar a pesca predatória.Nunca foi provada a existência de 3.000 ilhéus, como diz Diamond. E as guerras eram rotina, com ou sem fome.A única “prova” de canibalismo foi dada pelos missionários que precisavam arranjar uma boa justificativa para “salva-los da degradação”.

O “eco-colapso” de Diamond é história pra boi dormir quando sabemos que, de concreto, houve escravidão, sífilis, varíola, campos de concentração todos documentados.O problema da ilha nunca foi ecológico, mas puramente econômico.

Comento:
Lembram-se que escrevi um artigo chamado Rapa Nui, sobre a ilha de Páscoa e convergi para nossa questão indígena? Até então conhecia apenas a versão de Diamond que foi revertida em película pelo filme homônimo ao meu artigo.
Como penso que uma "função"da blogosfera vem sendo a desmistificação de uns conceitos massificados, então me deparei fazendo algo contrário ao que queria.
Agradeço ao Anselmo Heidrich por ter me alertado ao fato de Rapa Nui ter sido alvo de uma mistificação.
Diamond com sua teoria quis fazer um alerta ao próprio homem moderno: "Cuidem do planeta. Preservem os recursos naturais para a sociedade não ruir." Para ele Rapa Nui era o planeta Terra e nós éramos os aborígenes locais.
Diamond poderia pregar um desenvolvimento sustentável, mas sem proceder inverdades e deturpações que no fim só gerariam um sentimento anticapitalista e anti-progressso.
O cientista deu lugar ao pregador messiânico e cuspiu na ciência e na verdade. Isto que ocorreu foi uma forçação de barra de Diamond.
Contudo, no meu artigo, não acho que minha idéia central foi minada. Acho que o sistema de produção moderno permitiu nosso crecimento populacional e que continuamente temos que buscar um desenvolvimento sustentável.
Defender apenas o extrativismo coletor das antigas sociedades tribais seria uma opção, mas antes de tudo seria uma opção de morte para boa parte da humanidade. É só escolher. De que lado ficam os humanistas?

Como eram felizes

















Peguei a foto acima do blog dos jovens da aldeia Jaguapirú de Dourados. Talvez seja uma foto dos guarani do começo do século.

Qual era a expectativa de vida do homem há mais de 200 anos atrás? Uns 40, 50 anos.

Qual era a expectativa de vida do homem antes de domesticar animais para alimentação e de uma agricultura menos rudimentar? Acho que menos que 40 anos.

Pareciam fortes e bem nutridos? Havia sal na sua alimentação? Havia imprensa da época para noticiar a mortalidade infantil da época?

Abaixo uma foto dos joven indígenas universitários. Imagino que sejam os responsáveis pelo blog: http://ajindo.blogspot.com/

O que é melhor, tentar voltar para foto de cima ou optar pela foto abaixo?












Só faltou combinar com os índios

Recebido por e-mail:

"...os indios não querem ser inclusos em uma sociedade que não é a deles, eles querem continuar com sua cultura que desenvolveram nessa chão desde há muito tempo atrás..."

As fotos abaixo demonstram isso:








Ou melhor, esses caras aí estão fantasiados de índio. É a mesma coisa que eu na festa junina ir de caipira, os os alemães na Oktoberfest se vestirem com aqueles shorts e macacão e por aí vai.

Os antepassados destes caras foram de fato silvícolas, eles, agora, são brasileiros como nós e deveriam estar sob os mesmos direitos e deveres que todo mundo.

Repudio fortemente esta tal "dívida histórica".

Primeiro porque todos os povos do mundo em algum momento da história, tiveram enfrentamentos e atritos.

Segundo porque quem diz que eles estariam melhores hoje se não tivessem o contato com o não-índio?

Quanto vale 5 mil anos de conhecimento tecnológico? Qual é o preço dos royalties que deveríamos cobrar pela domesticação dos animais, pela agricultura de escala, pela água encanada, pelo fogão a gás, pela geladeira, pela luz elétrica, etc, etc.

Você acha pouco? Tente viver sem essa pequena lista que fiz acima.

Qual foi o primeiro desejo de Ingrid Betancourt após ser libertada das Farc?

"Um banheiro e uma ducha quente."



Preservem a cultura indígena. Mantenham o infanticídio. Resgatem o canibalismo.




Aqui está um vídeo que eu já havia assistido tempos atrás. Foi postado no Mídia Sem Máscara agora. Traz a história de Hakani, uma menina que foi enterrada viva pela sua tribo. Hakani é uma criança feliz hoje em dia, graças aos malvados não-preservacionistas culturais que não seguiram os preceitos tribais.

A primeira vez que vi foi no blog do ex-chefe da Funai, Mércio Gomes. Ele realmente pediu que se punissem os realizadores do vídeo. Absurdo.

Para saber mais acessem:

http://www.hakani.org/pt/

domingo, 7 de dezembro de 2008

Resposta ao sr. Iuri Munareto


Finalmente o assunto que eu queria ter tratado já na semana passada. Googleando as referências ao meu último artigo, publicado pelo Correio do Estado, descobri que o sr. Elo Ramiro Loef o enviou à um site de Chapadão do Sul. Agradeço a ele, meus artigos estão disponíveis desde que citadas a fonte (eu!).

Um rapaz de nome Iuri me contrapôs. Sei que é um rapaz porque ele é estudante de Ciências Sociais e mais recentemente de Arquitetura. Bom, já que Egon Heck e Mieceslau Kudlavicz não emitiram nenhuma resposta aos artigos que os citei – por favor, não falem que eles são cagões – pelo menos o estudante se propôs em argumentar o texto.

Houve também a opinião do agrônomo Francisco Cezar Dias, que teceu comentários sobre meu texto e à crítica de Iuri, este por sua vez também o respondeu. A seqüência está linkada abaixo pra quem quiser ver.

Bom ,então lá vou eu responder ao Iuri, um auto-proclamado anarco-comunista (!?) - também vi na Net. Fiz um desafio de um debate, pode ser na UFMS. Se aceitar fica para o ano que vem.

Este post é longo, mas necessário.

É lastimável o simplório texto "A valentia dos Vermelhos",

Ele tem todo direito de considerar lastimável por não concordar com a mensagem do mesmo, mas daí a classificar o texto de “simplório” requereria alguma justificativa para isso. Como aluno de Ciências Sociais ele deveria se alegrar de ler os nomes de Hegel e Marcuse, entre outras coisas, citados num artigo não acadêmico.

Na verdade não passa de uma tentativa de desqualificação barata e ordinária, mas muito utilizada por esta turma.

lastimável, porém não surpreendente, em um estado essencialmente agrário,

A economia do estado já está mais diversificada, mas realmente é calcada na agropecuária e qual o problema? Prefereria morar num deserto ou num local altamente industrializado? Alguém está te segurando aqui?

Talvez a demarcação indígena seria aceita com mais entusiasmo se fosse proposta no Rio de Janeiro ou São Paulo, que também foram habitadas por índios no passado.

aonde um boi possui aproximadamente sete hectares de terra, e um ser humano de etnia indígena apenas três.

Afirmação completamente errada, ou seja, é uma mentira. Numa pecuária tradicional utiliza-se 1 cabeça por hectare, a depender se é boi, vaca, novilho, bezerros, etc. Numa média geral temos 0,7 Unidades Animais por hectare de pasto, o que daria 1,4 hectares para cada boi (considerando um animal de 450 quilos de peso vivo)

Quanto ao ser humano de etnia indígena possuir apenas três hectares. Muita calma nessa hora. Analisemos alguns dados:

- mais de 12% do território nacional é área indígena, isto para uma população muito menor do que a branca.

- No estado temos reservas como a Kadiwéu com mais de 500 mil hectares, onde moram cerca de 1500 indígenas e também temos a reserva Jaguapirú com pouco mais de 3000 hectares e com 11 mil moradores.

A reserva Jaguapirú, já é quase um distrito ou um grande bairro de Dourados, dada a sua proximidade com a cidade.

Dizem que há cerca de 40 mil indígenas no estado. Não sei a área exata de todas reservas indígenas do MS, mas utilizando-se apenas os dados das duas reservas acima chegamos a mais de 12 hectares por indígena no estado. Como vimos o sr. Iuri novamente fez uma afirmação falsa.

Há um problema de adensamento em reservas do sul do estado, sem dúvida, e isto se resolve de duas maneiras:

- Ou os índios optam por um padrão de vida que era usado há uns 5 mil anos atrás, quando não havia domesticação e criação de animais e nem uma agricultura que não fosse essencialmente de subsistência e passam a ser coletores da natureza; mas para isso deveriam ser realocados para regiões longínquas como a Amazônica.

- Ou se adaptam ao modo de vida que permitiu o crescimento populacional da Humanidade em alguns bilhões de pessoas, coisa que seria inviável num sistema de simples extrativismo natural.

Por último: não considero ser procedente a comparação entre bovinos e indígenas. Quantos hectares são disponíveis para um “ser humano” japonês dentro do seu país? Fosse apenas terra o necessário para felicidade, o homem deveria ser muito mais feliz há centenas de anos atrás, quando a população mundial era pequena e sobrava terra, mas tal coisa é irreal.



Como o próprio Iuri deixou claro, o boi é um animal, o índio é um ser humano. Afirmar que o índio só pode sobreviver se tiver terra é que é um preconceito do Iuri, pois estaria outorgando que o índio não tem capacidade de aprender novas funções, que não tem capacidade de ler, escrever, utilizar computadores, ser um professor, se qualificar profissionalmente. Pensando como o Iuri, estaríamos alijando o índio de seus direitos de cidadão.

Essa crítica de fazendeiros à tentativa de demarcação por estudiosos da antropologia é uma afronta ao nosso humilde intelecto;

Ah é? Parece que sua vontade é que os fazendeiros não teçam críticas, deveriam se calar e aceitar passivamente a situação. Esta é a democracia de um lado só. Compreendo, muito típico da claque do Iuri.

querem falar na questão alimentícia, mas incentivam ao máximo o plantio de cana,

Aí depende, têm muita gente do meio rural, os mais tradicionalistas até, que não gostam da cultura da cana. Dizem que exaure o solo, em determinadas épocas utiliza muita mão-de-obra externa que pode trazer à região pessoas de má índole e, talvez o pior, a queima da cana para a colheita não é vista como algo salutar.

Agora há os que por razões econômicas apóiam a cultura da cana. Ela é uma grande geradora de divisas e investimentos, sendo que seus incentivadores não são apenas os proprietários rurais, mas sim políticos interessados em aumento de verbas e também os próprios trabalhadores que terão maior oferta de emprego.

eu não sei quanto à vocês, mas não lembro de cana ser um alimento recomendável em grandes quantias;

Seguindo esta lógica então não deveria haver plantações de eucalipto, pois ninguém come eucalipto. Mas com certeza a produção de celulose para papel, vigamentos para construção civil e tantas outras utilidades da madeira ficariam inviabilizadas.

Com certeza que a produção de alimentos é algo nobre e deve ser respaldada, mas ela não é a única utilidade da terra. A cana de açúcar gera vários produtos. Açúcar, cachaça, álcool para desinfecção hospitalar e o badalado etanol que serve como bio-combustível.

enquanto essa comparação aos índios americanos \"donos de cassinos\" é simplesmente digna de risos, sugiro ao autor do texto um pouco mais de estudo e menos preconceito.

Sugiro um pouco mais de estudo a você. Procure se informar quem é o dono da rede Hard Rock Café dos EUA.



E onde está o preconceito que você falou? Fui preconceituso em relatar que os índios americanos são donos de cassinos? Mais uma acusação infundada.

Se seus antepassados fossem brutalmente assassinados, escravizados, aniquilados e sua cultura da mesma forma tivesse ido junto como se sentiria??

Aqui pinta-se o tradicional quadro do vitimismo indígena. Seguindo essa pressuposição Americanos e Japoneses deveriam viver às turras. Um atacou o outro de surpresa e sem uma justificativa relevante e o outro meteu duas bombas atômicas no território do então inimigo.

Volto. Acontece que os índios no Brasil não viviam em nenhum paraíso idílico. A luta pela sobrevivência era árdua e haviam muitas guerras entre as diversas etnias. Os próprios guaranis eram conhecidos como índios guerreiros que subjugavam outras tribos. Aliás, “guarani” significa “guerreiro”.

Como lembra Waren Dean, em seu livro "A Ferro e Fogo - A história da Floresta Atlântica do Brasil" (Editora Companhia da Letras, 1994), tanto os tupis como os guaranis foram tribos que faziam poucos séculos, na época em que os portugueses descobriram o Brasil, que invadiram a região e desalojaram outras tribos indígenas, cuja história perdeu-se na poeira dos tempos.

Os índios daqui não foram brutalmente assassinados. Houveram conflitos, sem dúvida, mas de uma maneira geral no atual Mato Grosso do Sul, o contato entre não-índios e índios é um dos mais pacíficos ocorridos na História da humanidade.

Quanto ao escravagismo também é falso. A colonização do nosso estado já se deu em um momento de término da escravidão e os índios nunca tiveram índole para serem escravos.

Aliás, sr. Iuri, a palavra “escravo” em inglês é “slave” que proveio de “eslavos”. Tal fato se deu porque os vikings escravizaram os vizinhos eslavos do leste europeu.

Os índios daqui do Estado não foram aniquilados, tanto é que aí estão nas reservas, cidades, título de eleitor na mão, etc.

Quanto à cultura cito Kwame Anthony Appiah: “Uma cultura só tem importância se for boa para os indivíduos”.)

Os índios andavam nús e descalços pelas matas. Faziam suas necessidades em ambiente aberto. Entre algumas etnias (estas sim foram aniquiladas, os tupinambás) havia o costume da antropofagia, ou seja, canibalismo. Comiam os animais que conseguiam caçar, macacos, pacas, capivaras, em geral sem nem retirar os pêlos assando o animal por inteiro num braseiro. A agricultura era rudimentar e de subsistência. Eram essencialmente coletores.

Resta saber qual cultura os atuais indígenas gostariam de manter. Alguns hábitos que considerarem úteis, conhecimentos empíricos adquiridos com séculos de vivência no local, podem ser mantidos, mas o que não julgarem de relevância pode ser deixado de lado. Quem deve decidir isto são eles.

Temos que nos lembrar que os índios daqui eram ágrafos, não escreviam, não registravam os acontecimentos, havia apenas a tradição oral.

A verdade é que os índios do atual MS estavam num estágio de evolução tecnológica de alguns milhares de anos de atraso em relação aos que aqui chegaram depois. Isto não é problema, a humanidade só evoluiu graças às trocas voluntárias ocorridas entre as diversas culturas, propiciadas pelas sociedades abertas. O errado é se proceder um tal preservacionismo cultural obtuso em detrimento da livre escolha das pessoas, no caso os índios.

Iuri transpõe a luta de classes de Marx, para a luta de etnias (índios e não-indios), mas simplesmente fazendo generalizações simplistas e omitindo informações. Bem ao estilo do que fazia o citado autor alemão.

E para finalizar cito a questão do latifúndio... latifúndio é atraso sim senhor, todo país considerado desenvolvido não usa mais essa prática retrógrada. Suíça, Alemanha, Holanda, ué, mas são todos paises minúsculos, alguém poderá dizer. Então eu lembro também dos Estados Unidos e do Canadá, países maiores territorialmente que o nosso e que também não utilizam a prática do latifúndio.

Outra falácia repetida ad nauseum. Primeiro porque Iuri não sabe o que é latifúndio e segundo porque os eventuais latifúndios dos pioneiros e as grandes áreas de terra contribuíram para a convivência apaziguada entre índios e não-índios.

Ao primeiro:

Latifúndio é uma área de terras 600 vezes superior à um módulo rural. No sul do estado corresponderia a uma fazenda com 12 mil hectares de área. Praticamente não há mais latifúndio naquela região. E mesmo os que houverem não são problema, desde que legitimados e auferidos de maneira legal.

Se considerarmos o tempo de colonização do nosso estado com os de países europeus e mesmo americanos que Iuri citou, também poderemos saber a razão da diferença entre o tamanho das propriedades rurais. No estado de São Paulo a média das propriedades rurais é quase de padrão europeu, e não por alguma suposta reforma agrária, mas simplesmente pelo tempo de colonização.



A média das propriedades rurais nos EUA, Canadá e Brasil não diferem muito. Não estou de posse de dados oficiais mas segundo pronunciamento em assembéia legislativa do Rio Grande do Sul, o deputado Rubens Pillar do PPB, citou que o tamanho médio das propriedades no Brasil é 64 hectares; nos Estados Unidos, 190 hectares e no Canadá, 242 hectares.


Quanto ao índice GINE que mede a concentração de terras, o Brasil apresenta o valor de 0, 802, sendo o 9º lugar nas Américas.

Quanto ao que falei sobre a inicial grande propriedade no Mato Grosso do Sul ter propiciado menos conflitos, basta compararmos com o que ocorreu nos Estados Unidos.

Após o governo dos EUA promover o Homestead Act que doava 160 acres, o equivalente a 64 hectares de terra, a cada família de colono houve uma intensa migração de pessoas para regiões até então habitadas unicamente por indígenas. A corrida para o Oeste promoveu um conflito entre os recém-chegados e os indígenas do local. Houve muito derramamento de sangue nos EUA.

Já no Brasil a colonização foi muito mais paulatina, a princípio com as grandes propriedades, principalmente porque poucas pessoas se dispunham em enfrentar as dificuldades de uma região tão desprovida de recursos como era o velho Mato Grosso do século 19. O que acontecia é que havia muita terra, tanto para índios quanto para não-índios e a convivência foi em sua maioria pacífica.

Hoje professores universitários de suas cátedras se sentem confortáveis em criticar a colonização inicial do nosso estado, mas se esquecem que se não fosse a coragem e determinação dos pioneiros que aqui chegaram de carro de boi, atualmente não haveriam bibliotecas nem salas de aula com ar condicionado para eles proferirem suas palavras.

Da resposta ao agrônomo Francisco:

Só para tentar esclarecer, as terras que estão sendo estudadas por antropólogos, tem o objetivo de devolvê-las aos seus verdadeiros donos, que por grileiros, foram tomadas há alguns anos atrás, ou seja, cadê a justiça cobrada por vocês?? não a vejo nesse caso.



Aquelas terras não foram tomadas por grileiros, foram tituladas pelo estado brasileiro após a guerra do Paraguai. As reservas demarcadas pelo antigo SPI (Serviço de Proteção ao Índio) foram respeitadas e em alguns casos houve realocamento dos índios.

Por exemplo a aldeia de Dourados tem mais densidade populacional que a cidade de Dourados, e necessita de terra, Mato grosso do sul (sic) é o segundo estado que mais se reside povo de etnia indígena (sic)

Aldeias que no início contavam com 400 pessoas e hoje tem mais de 11 mil. O aumento populacional foi pelo crescimento vegetativo dos indígenas locais (cadê o tal genocídio?) e de indígenas de outras localidades que foram para lá, atraídos pelos recursos da cidade em detrimento da felicidade idílica da floresta virgem, que só existe na cabeça de alguns românticos que nunca andaram nús dependendo da caça e pesca para se alimentar.

E a medida que vai aumentando a população indígena, então a solução é ir aumentando as reservas? Depois de todas as terras brasileiras virarem reserva indígena (mais de 12% do país já é) teremos que guerrear com os vizinhos em busca de mais áreas para resolver os problemas da nossa questão indígena, lógico que tudo movido por necessidades humanistas.



Finalizando:

Yuri, ponho-me à disposição para um debate sobre o assunto, ou mesmo alguma variante dele. Entenda como um desafio, se aceitar fica para o ano que vem, de preferência na UFMS.



Meu artigo:
http://www.jovemsulnews.com.br/user/index.php?id=36528

Comentário do Iuri:
http://www.jovemsulnews.com.br/user/index.php?id=36561

Comentário do Francisco Cezar:
http://www.jovemsulnews.com.br/user/index.php?id=36620

Segundo comentário do Iuri:
http://www.jovemsulnews.com.br/user/index.php?id=36627

História da língua Tupi, e mais

Este texto é muito interessante, utilizei-o como subsídio para o post acima:

Como lembra Waren Dean, em seu livro "A Ferro e Fogo- A história da Floresta Atlântica do Brasil" (Editora Companhia da Letras, 1994), tanto os tupis como os guaranis foram tribos que faziam poucos séculos, na época em que os portugueses descobriram o Brasil, que invadiram a região e desalojaram outras tribos indígenas, cuja história perdeu-se na poeira dos tempos.

A palavra "Tupi" significa "o grande pai" ou "líder". Ora, os "tupis" achavam-se os máximos tanto que chamavam a si mesmos de "tupis". Já "Guarani" significa "guerreiro". Os tupis, os primeiros contactados pelos portugueses quando iniciaram sua colonização no Brasil, dividiam-se em várias tribos cujos nomes registrados pela história são como elas mesmos chamavam-se ou como seus inimigos apelidaram-nas

...

Oito anos antes da invasão francesa, apareceu no Brasil um alemão chamado Hans Staden, cujas aventuras poderiam inspirar um belo filme de ação nas mãos de um Steven Spielberg ou de algum talentoso cineasta (se botar na mão de brasileiro, vira "suruba"- Aliás, "suruba" é uma palavra do tupi-guarani que significa "bom", bem diferente do significado que possui hoje no português brasileiro). (Aliás, mais uma notinha. O falecido ex-presidente da república, Jânio Quadros, quando se candidatou a prefeito de São Paulo em 1982, usava como slogan de sua campanha política- "Este é suruba". Teve gente que não entendeu e pensou "naquilo", o que valeu uma reportagem da revista Veja explicando que "suruba" significava apenas "bom").


He, he, esta da suruba foi engraçada.

-Como estão as coisas aí?

-Ah, tá suruba.

A história de Hans Staden (verídica) que quase virou churrasco também é ótima.

E para economizar a googleada, vejam quem são os donos da Hard Rock Cafe:

http://www.jt.com.br/editorias/2006/12/08/int-1.94.6.20061208.1.1.xml

13 razões para ser contra a carcinicultura


Com o objetivo de denunciar a atividade de cultivo de camarão em cativeiro, movimentos sociais, fóruns, redes e articulações lançam nota que explicita 13 razões para dizer NÃO à carcinicultura.

Porque a carcinicultura...
Eles não são contra só a carcinicultura, são contra a bovinocultura de corte ou leite, são contra a suinocultura, a avicultura, a sojicultura, afinal, são contra qualquer tipo de cultura.
Se alguma destas 13 razões (que número sugestivo, hein) tiver alguma procedência, há que se perguntar, "Mas não há alguma forma de melhorar isto? O extrativismo é a únca maneira de se proceder a produção de camarão?"
Notem também os motivos ideológicos em questão, "7 - Agrava o racismo ambiental..." !?

Vovó Rambo da Austrália



A delicada vovó Ava Estelle, de 81 anos, ficou tão chocada quando dois delinqüentes estupraram sua neta de 18 anos que ela conseguiu localizar os desavisados ex-condenados - e os baleou nos testículos."


A velha senhora passou uma semana caçando esses homens - e quando os encontrou vingou-se desta forma inusitada", disse Evan Delp, investigador da polícia de Melbourne. Em seguida ela tomou um taxi, foi até a delegacia de polícia mais próxima, colocou a arma no balcão do sargento de plantão e lhe disse, com toda a calma:

"Por Deus, esses bastardos não vão estuprar mais ninguém!"...

...Vovó Rambo entrou em ação em 21 de agosto, após sua neta Debbie ter sido agarrada e violentada em plena luz do dia pelos dois bandidos armados de facas. "Quando vi a expressão no rosto da minha Debbie, aquela noite no hospital, decidi que sairia sozinha atrás daqueles bastardos porque imaginei que a lei seria branda com eles", relatou a bibliotecária aposentada.

"E eu não estava com medo deles porque eu tinha um revólver e tinha atirado durante toda a vida. E não fui tonta de devolvê-lo quando a lei mudou a respeito de possuir um." ...

...Agora, especialistas perplexos tentam imaginar exatamente o que fazer com a vovó vigilante. "O que ela fez está errado e ela infringiu a lei, mas é difícil mandar uma velha senhora de 81 anos para a cadeia" - disse o investigador Delp - "Especialmente quando 3 milhões de pessoas na cidade querem nomeá-la prefeito."



Comento:

Parabéns para dona Ava, o que ela fez foi arriscado, poderia acabar em morte, mas se fosse a morte dos dois malacos, surfistas de esgoto, ela estaria fazendo um bem para a Humanidade.

Perceberam o que ela disse: "A justiça seria branda com eles", "Atirei a vida inteira e não fui tonta de devolver a arma quando mudou a lei a respeito da posse de armas."

A vovó personificou literalmente o slogan do Aluizio Amorim em terras estrageiras, então é:

"FIRE IN THE BOTOCUDS!!!"