sábado, 5 de junho de 2010

Um Nobel para o Além



"Sr. Gorbachev: Abra este portão... Sr. Gorbachev: Derrube este muro!” (Ronald Reagan, Berlim, 1987)

No dia 5 de Junho de 2004 faleceu o ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan. Reagan foi presidente de 1980 a 1989. Para mim que era uma criança na época, tenho a lembrança de achar estranha a notícia daquele presidente que anunciava um sistema de defesa que a imprensa batizou de Guerra nas Estrelas. Parecia uma grande firula. Apenas anos depois, e não na escola, aprendi o que aquilo significava e a importância de Ronald Reagan para o mundo.

Ao discursar pela primeira vez como presidente, Reagan disse que o governo não era a solução, mas sim o problema. Isso fazia sentido pelo fato de décadas de dirigismo estatal na economia americana terem levado o país a uma situação que chamavam de estagflação, ou seja, estagnação econômica com inflação.

Reagan implementou algumas reformas que permitiram o crescimento econômico e a revitalização da economia americana. Isto permitiu que ele realocasse recursos para um grande fator de preocupação mundial da época: o perigo nuclear sob o signo da guerra fria.

Reagan chamava a ex-URSS de “Império do Mal” e juntamente com Margaret Thatcher e Karol Wojtila, o papa João Paulo II, foram os grandes personagens na derrocada do maior flagelo do século 20: o comunismo.

O ditado romano “Se queres a paz prepara-te para guerra.”, parece ter permeado o pensamento de Ronald Reagan. Se Reagan tivesse ouvido os politicamente corretos e sua inteligentsia (intelectuais), o comunismo ainda perduraria por algum tempo. Parece que a postura da referida classe não muda muito tanto lá quanto cá.

Reagan sabia que a economia soviética não teria condições de acompanhar uma escalada dos gastos em defesa por parte dos Estados Unidos. Apesar dos intelectuais que apregoavam a derrocada iminente do capitalismo e o inevitável triunfo do socialismo, a verdade é que a URSS não passava de um tigre de papel. A ferrenha oposição dos líderes soviéticos - inclusive Mikhail Gorbachev - à Iniciativa de Defesa Estratégica - que os inimigos de Reagan apelidaram desdenhosamente de "Guerra nas Estrelas" - representava o reconhecimento de que não poderiam desenvolver um sistema semelhante, a menos que virtualmente parassem a economia soviética.

As políticas Glasnost (Abertura) e Perestroika (Reestruturação) por Mikhail Gorbachev nada mais foram do que os atestados de que a URSS não podia mais competir na guerra fria. Talvez a maior conseqüência e o símbolo disso tenham ocorrido na Alemanha Oriental, com a queda do Muro de Berlim e a festa do povo que estava subjugado há anos pela opressão comunista.

O ator de “limitados recursos intelectuais”, foi o grande responsável pelo fim do modelo esquerdista clássico mundial. Seus críticos só esquecem de dizer que além de ator e radialista, Ronald Reagan cursou Economia e Sociologia trabalhando para custear seus estudos na Eureka College.
Reagan tem status de super-herói nos EUA, e no leste Europeu tem o reconhecimento de ter sido um grande semeador da liberdade em povos que foram dominados por décadas de totalitarismo, tendo isso custado não somente o cerceamento das liberdades individuais quanto o de milhões de vidas humanas.

Não foi à toa, portanto, que tenha sido em Praga, capital da antiga Tchecoslováquia, invadida por tanques soviéticos na década de 60 a fim de que o país permanecesse sob a influência da URSS, que Margaret Thatcher homenageou Ronald Reagan citando um poema de Byron em que dizia:

Espírito eterno do pensamento desacorrentado
Liberdade!
Mais brilhante és nas masmorras,
Pois lá a tua única morada é o coração
O coração que só o amor por ti pode unir
E quando seus filhos são subjugados aos grilhões
Aos grilhões e à obscuridade da cela úmida
A nação vence com martírio
E o nome da Liberdade encontra asas em todos os ventos

Parabéns Ronald, um Nobel, que nunca lhe deram, é pouco para você. Seu legado será lembrado e eternamente agradecido pelos que prezam a liberdade e a verdadeira construção de um mundo melhor.