sábado, 19 de março de 2011

O encontro dos politicamente incorretos I

Talvez pareça exagero ou superestimar o tal do politicamente correto, a ponto de se debater isso num seminário, mesmo que não-acadêmico, mas acho que teve sua validade, com certeza.

Já disse uma vez: "O politicamente correto é o estupidamente burro!". Ah, mas o Guilherme Fiúza já disse algo semelhante pouco tempo atrás. Disse ele: "O politicamente correto é o intelectualmente burro". É, talvez seja melhor assim.

Bom, quando lancei meu livro no final do ano passado, fiz uma entrevista para divulgação no Correio do Estado, o repórter Oscar Rocha soube extrair bem meu pensamento e colocar na matéria, tanto que vou aproveitá-la agora:

O que temas como índios, movimento punk, questão agrária, direitos humanos e meio ambiente podem ter em comum? O veterinário e articulista Augusto Araújo, que lança hoje, às 19h30min, no Auditório da ACP – Rua 7 de Setembro, 693 –, o livro “Rompendo as amarras” (Life Editora), sabe das especificidades de cada um dos temas, mas observa que todos sofrem atualmente distorções, principalmente a partir de avaliações superficiais, quando feitas pelo viés do politicamente correto que, segundo ele, pode ser traduzido como uma espécie de “socialismo envergonhado”.

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/rompendo-as-amarras-reune-artigos-publicados_88464/

Sim, na verdade é um "socialismo disfarçado".

Toda a ideologia comunista sempre foi eivada de nobres intenções. Quando o comunismo queimou o filme, quem não era tão radical começou a usar a palavra "socialismo" sabendo-se lá como seria este socialismo. O que se filtrava era mais intervencionismo estatal e que também não produziu o paraíso terrestre.

Qual foi a saída então? Deixar de lado os rótulos e apenas apregoar as intenções. "Somos a favor de um mundo melhor e de se corrigir as injustiças do mundo". Ora, ninguém vai ser contra a justiça social, contra os pobres, contra a natureza, contra as minorias oprimidas, negros, índios, etc.

Só que como herdeiros intelectuais da esquerda (usando um termo do Reinaldo Azevedo), as intenções politicamente corretas, na prática, acabam surtindo efeitos deletérios. Isto se vê em âmbito social (pobres e ricos), racial (negros, índios e brancos) e mais forte ainda ultimamente na questão ambiental.

Fazer o discernimento de algo politicamente correto, e que é benéfico (não jogar lixo nas ruas por exemplo), e de um politicamente correto que é apenas um socialismo disfarçado (questão indígena e quilombola, ou políticas de segurança pública), não é tão fácil. Tanto que o jornalista Leandro Narloch disse que ele era uma farsa, afinal ele era muito correto, gostava das leis de trânsito, lei anti-fumo, etc. Bom, isso são outros quinhentos.

Mas que o politicamente correto se tornou uma trincheira dos esquerdistas envergonhados, ah isso se tornou. E o grande problema disso é quando ele sai do simples debate e passa a integrar políticas públicas. Aí é prejuízo na certa.