domingo, 8 de fevereiro de 2009

13 e 31



Este texto era pra ter sido postado no final do ano passado. Antes tarde do que nunca, pelo menos ainda não mudei de idade.

O ano está acabando e pretendo escrever estas linhas antes do fim dele. Este ano quebrei uma promessa, falei no início que não escreveria ou, pelo menos, evitaria assuntos político-ideológicos. Quem acompanhou os artigos e posts percebeu que passei longe disso.

Muito bem, como já passei dos 30 e acho que não há muito mais de interessante que se fazer depois dessa idade, pelo menos ela me serviu como uma numerologia curiosa.

Lá pelos idos de 1990 eu tinha 13 anos. A infância acaba aos 10, portanto eu já tinha uma bagagem pré-adolescente dos 11 e 12 anos que me conferiram alguns pensamentos. Ah sim, me lembro da primeira vez que escutei “Faroeste Caboclo” do Legião Urbana (eu falo “do” Legião e não “da” Legião), eu tinha 11 anos. Gostei da música e da letra, virei fã, mas foi só quando tinha 13 anos que comprei o disco “Que país é este?”. Putz, escutava o dia inteiro. De chofre também comprei os dois anteriores. Do primeiro escutava muito “Geração coca-cola”.

Resumindo, lá estava eu, um recém-adolescente, fã de rock de protesto, preocupado com os problemas da sociedade. As críticas ao sistema e à sociedade só podiam ter uma conotação anticapitalista, afinal uns têm muito e outros não tem nada. Os trabalhadores que mais suam a camisa ganham menos que uns engravatados que só assinam papéis. O mundo é muito errado mesmo.

Não sei por que cargas d’água fiquei sabendo que Karl Marx era o cara que havia criticado o sistema que vivíamos. Pensei que valia a pena lê-lo. Peguei “O Capital” na biblioteca da escola. Arghh, quanta asneira, li umas 30 páginas. Parei depois da tal da “mais-valia”, o argumento era tosco, não levava em conta outros ítens do custo de produção, mas apenas a mão-de-obra. Sem contar que o tom irascível do alemão me causou repugnância.

O Muro de Berlim que caíra no ano anterior e os balseiros cubanos - aliás, até então gostava muito de Cuba, me parecia um modelo a ser seguido na luta contra o imperialismo americano – me fizeram perceber que a História desmentira o velho barbudo e não havia porque me preocupar com ele. Mas eu continuava insatisfeito com o estado de coisas do mundo.

Depois de ler um livrinho do Paul Singer (apesar do nome ele é brasileiro), acabei achando que Keynes que tinha resolvido a parada ao instituir o Welfare State. A essa altura eu já estava com 14 anos. Fui um keynesiano desde então. Ser de centro-esquerda era o que me parecia o correto. Na prática do meu dia-a-dia, a influência dessa opinião foi zero.

De qualquer forma os meus 13 anos foram a minha fase mais “esquerdista” vamos dizer assim. Meu remédio foi ter lido um pouco de Marx. Acho que os esquerdistas não lêem Marx, por isso proferem as asneiras marxistas.

Hoje, aos 31, esta maldita Internet me puxou pro lado direito da força. Tudo bem, eram idéias que eu já nutria, mas foram muito mais referendadas nas minhas horas on-line.

Sou um direitista, sou um liberal? Não sei, talvez não completamente, até porque acho que estes rótulos são um tanto “engessativos”; mas definitivamente esquerdista não sou. Acho que o bom-senso tem de vir antes de tudo.

Os esquerdistas neomarxistas são os maiores inimigos? São eles que impedem a felicidade do mundo?

Não, claro que não, simplesmente porque acho que nossos maiores inimigos somos nós mesmos, com a vantagem de também sermos os nossos maiores amigos. Tudo depende de cada um.

Quanto à felicidade... esta é mais difícil, mas não tenho dúvidas de que também depende de cada um.

Feliz Natal e Próspero Ano Novo! (como eu disse, era pra ter postado final do ano passado, mas fica reforçado o desejo de um feliz 2009)