domingo, 2 de janeiro de 2011

Quando não faz na entrada, faz na saída




– E agora, o que faremos?

–Vamos fugir para o Brasil!

O breve diálogo acima aparece em vários filmes estrangeiros onde ladrões, sequestradores e marginais afins, são descobertos e procurados pela polícia do local onde vivem. Como se nota, o nosso país é bem conhecido no quesito impunidade. Como alguém já disse: “No Brasil só vão para cadeia os 3 p’s: preto, puta e pobre”. Não comungo desse exagero popular, mas que aqui a impunidade é marca registrada, isso é.

O médico nazista Joseph Mengele, deve ter sido um que sabia da permissividade da Justiça brasileira, por isso veio para cá. Tudo bem que Mengele residiu secretamente no litoral paulista. Outro que se constituía como um escárnio ambulante era o ladrão inglês Ronald Biggs, célebre por ter feito o maior assalto a um trem pagador inglês, e que posteriormente veio para o Brasil, se casou com uma brasileira e viveu tranquilamente no Rio de Janeiro, servindo ainda ao turismo local, onde várias pessoas o visitavam a fim de tirar fotos ao seu lado.

O último a ser agraciado com nossa benevolência ao crime foi Cesare Battistti. Num gesto extremamente pusilânime do ex-presidente Lula, em seu último dia no exercício do cargo concedeu asilo político ao comunista italiano que matou desafetos na Itália democrática da década de 70.

O advogado do italiano disse, contente, que o Brasil mantinha sua tradição humanista ao conceder o asilo a Battisti. Desde quando dar asilo a assassino é humanismo? Para mim é justamente o contrário, trata-se de um gesto de desumanidade, desrespeito com os familiares das vítimas, um estímulo ao crime e um ato de extrema canalhice.

A lei é clara, a legítima defesa de sua própria vida é a única coisa que justifica um assassinato. Não foi o que ocorreu com Battisti.

Eu me pergunto: Ainda existem juízes em Brasília? Para que os doutos meritíssimos do STF ganham seus salários se no fim de tanta discussão – já há mais de um ano – empurraram a decisão para o chefe do Executivo, no caso Lula. Este ainda fez pouco caso do STF, dizendo que os ministros apenas tinham dado um “palpite” sobre a questão do italiano. De doutores supremos da lei a meros palpiteiros! Vergonha das vergonhas para o STF.

Mas é isto, senhores. O Brasil fez mais uma vez o papel de asilo de criminosos mundiais. Sujaram as mãos de sangue o chefe do Executivo; minúsculos, mas ruidosos setores organizados da sociedade; e também o poder Judiciário. Eu me envergonho de ser brasileiro e de pensar na hipótese de ter que encarar algum cidadão italiano algum dia. Pelo menos sei que eu não votei no grotesco indivíduo que deu guarida a um assassino.