"Camaradas! O levante kulak nos cinco distritos de sua região deve ser esmagado sem piedade. Os interesses de toda a revolução o exigem, pois a luta final com os kulaks está doravante engajada por toda parte. É necessário dar o exemplo: 1) Enforcar (e digo enforcar de modo que todos possam ver) não menos de 100 kulaks, (...) 2) Publicar seus nomes. 3) Apoderar-se de todos seus grãos. 4) Identificar os reféns (…) Façam isso de maneira que a cem léguas em torno as pessoas vejam, tremam, compreendam e digam: ‘eles matam e continuarão a matar os kulaks sedentos de sangue’. Telegrafem em resposta dizendo que vocês receberam e executaram exatamente estas instruções.”
Este foi Lênin, o comunista soviético em um telegrama para seus subordinados. “Kulaks” era como eram chamados os proprietários rurais da extinta URSS. Conflitos de terra ainda matam gente até hoje, mas esse caso merece especial atenção.
Penso que em primeiro lugar seria o fato de Lênin ainda ter seus escritos levados a sério em alguns ambientes acadêmicos. O fracasso e as barbáries cometidas na ex-URSS geralmente são jogadas nas costas de Stálin; Lênin seria o “bom revolucionário” humanista. Como vimos pelas palavras do telegrama, o humanismo de Lênin ficou guardado apenas em alguns trechos dos seus livros, mas longe dos seus atos na vida real.
Lênin, em nome de uma revolução justa e fraterna, promoveu milhares de mortes. Estima-se 17 milhões de mortes no decorrer do século 20 na ex-URSS, boa parte de fome. Por uma funesta ironia, a Ucrânia, uma das terras mais férteis do mundo foi palco da tragédia de Holodomor, onde 10 milhões de pessoas morreram de inanição, motivadas pelos interesses políticos dos comunistas.
No Brasil tivemos conflitos e mortes no campo e palavras tresloucadas de Stédile e alguns líderes aloprados do MST, mas no geral passamos bem mais longe das vias de fato como na ex-URSS. Assim como o modelo de reforma agrária brasileira foi muito diferente dos expurgos dos kulaks e da coletivização estatal das terras. Hoje o INCRA é praticamente um agente de mercado na aquisição de terras para reforma agrária. Menos mal.
Mas o objetivo do texto é demonstrar um primórdio da raiva aos proprietários rurais. O desrespeito e, porque não, a inveja à propriedade privada levaram a portentosos desastres. Falácias são repetidas e geram idéias distorcidas da realidade. Na ótica comuno-marxista, bons e maus são “carimbados” pela sua classe social e não por suas ações e procedimentos. Nada muito longe do que era o critério de raça para o nazismo.
Ano passado um amigo do MNP jovem me chamou pra ir a algumas escolas fazer o marketing da classe rural, explicando a importância dos produtores rurais, que geralmente eram mal vistos e até difamados. Argumentei que boa parte da má imagem da classe era gerada pelos professores que advinham das Universidades, todos influenciados por idéias marxistas e ali que devíamos nos concentrar. Contudo ele achou melhor prosseguir falando aos alunos do ensino médio e não aos aprendizes de mestres do ensino superior.
Nos ambientes acadêmicos ninguém se declara comunista (na prática não são mesmo), apenas são “críticos” da atual conjuntura social. É pena que a tal visão crítica seja eufemismo para uma visão maniqueísta e marxista. Experimentem falar com algum aluno de cursos como História, Geografia ou Ciências Sociais, todos lutam contra a exploração capitalista sem saber que repetem os chavões dos comunistas dos séculos 19 e 20.
Porque me preocupo com isso? Afinal de contas os dias de hoje já não são os mesmos da Guerra Fria com sua luta no plano ideológico e real. Definitivamente não temos clima para uma revolução comunista ou algo do tipo.
Ora, é que mesmo sem a pretensão de promover uma revolução sangrenta, o discurso “crítico” acadêmico é gerador de animosidade e ódio social, dando combustível para movimentos pseudo-sociais que não raramente são tomados por oportunistas e drenam recursos públicos, e que, por vezes, podem sim descambar para atos de violência. Além do fato de que as falácias, ao serem generalistas, podem ser encaradas como um ato de calúnia e difamação.
Também não considero salutar um filho de funcionário ouvir que seu pai é explorado pelo patrão. Eu que pago todos os encargos sociais e cumpro com as obrigações trabalhistas me enojo com a possibilidade real de tal cena vir a acontecer.
Ano passado uma mãe de aluna se indignou com o conteúdo de viés ideológico das apostilas do colégio de sua filha. Não muito antes, em Santa Catarina, uma mãe também se queixou pelo fato de seus filhos voltarem da escola perguntando se seu avô (um produtor rural) era um latifundiário malvado. Por fim o jornalista Ali Kamel abordou o assunto ao demonstrar os disparates ideológicos contidos num livro de História amplamente utilizado pela rede pública e privada.
Uma batalha que há que se travar é a de idéias. Críticas são bem vindas desde que não sejam as velhas bazófias do se conveniou chamar de “esquerda”. Até hoje o que tirou os países da pobreza foi o capitalismo, e uma de suas bases é o respeito à propriedade privada.
Quando digo que tenho críticas a uma parcela dos produtores rurais é pelo fato de achá-los ainda muito pouco capitalistas, ou seja, profissionais e empresarias. E penso que a questão do investimento (ou falta dele) em recursos humanos da mão-de-obra rural é um agravante nisso. Contudo não é por meio de coação ou outro subterfúgio que isto deve ser modificado.
Não há o que se discutir na importância da democracia, da economia de mercado e, no caso abordado, no respeito à propriedade privada. Não é se dobrando as críticas dos que mataram milhões que construiremos um mundo melhor.
Este foi Lênin, o comunista soviético em um telegrama para seus subordinados. “Kulaks” era como eram chamados os proprietários rurais da extinta URSS. Conflitos de terra ainda matam gente até hoje, mas esse caso merece especial atenção.
Penso que em primeiro lugar seria o fato de Lênin ainda ter seus escritos levados a sério em alguns ambientes acadêmicos. O fracasso e as barbáries cometidas na ex-URSS geralmente são jogadas nas costas de Stálin; Lênin seria o “bom revolucionário” humanista. Como vimos pelas palavras do telegrama, o humanismo de Lênin ficou guardado apenas em alguns trechos dos seus livros, mas longe dos seus atos na vida real.
Lênin, em nome de uma revolução justa e fraterna, promoveu milhares de mortes. Estima-se 17 milhões de mortes no decorrer do século 20 na ex-URSS, boa parte de fome. Por uma funesta ironia, a Ucrânia, uma das terras mais férteis do mundo foi palco da tragédia de Holodomor, onde 10 milhões de pessoas morreram de inanição, motivadas pelos interesses políticos dos comunistas.
No Brasil tivemos conflitos e mortes no campo e palavras tresloucadas de Stédile e alguns líderes aloprados do MST, mas no geral passamos bem mais longe das vias de fato como na ex-URSS. Assim como o modelo de reforma agrária brasileira foi muito diferente dos expurgos dos kulaks e da coletivização estatal das terras. Hoje o INCRA é praticamente um agente de mercado na aquisição de terras para reforma agrária. Menos mal.
Mas o objetivo do texto é demonstrar um primórdio da raiva aos proprietários rurais. O desrespeito e, porque não, a inveja à propriedade privada levaram a portentosos desastres. Falácias são repetidas e geram idéias distorcidas da realidade. Na ótica comuno-marxista, bons e maus são “carimbados” pela sua classe social e não por suas ações e procedimentos. Nada muito longe do que era o critério de raça para o nazismo.
Ano passado um amigo do MNP jovem me chamou pra ir a algumas escolas fazer o marketing da classe rural, explicando a importância dos produtores rurais, que geralmente eram mal vistos e até difamados. Argumentei que boa parte da má imagem da classe era gerada pelos professores que advinham das Universidades, todos influenciados por idéias marxistas e ali que devíamos nos concentrar. Contudo ele achou melhor prosseguir falando aos alunos do ensino médio e não aos aprendizes de mestres do ensino superior.
Nos ambientes acadêmicos ninguém se declara comunista (na prática não são mesmo), apenas são “críticos” da atual conjuntura social. É pena que a tal visão crítica seja eufemismo para uma visão maniqueísta e marxista. Experimentem falar com algum aluno de cursos como História, Geografia ou Ciências Sociais, todos lutam contra a exploração capitalista sem saber que repetem os chavões dos comunistas dos séculos 19 e 20.
Porque me preocupo com isso? Afinal de contas os dias de hoje já não são os mesmos da Guerra Fria com sua luta no plano ideológico e real. Definitivamente não temos clima para uma revolução comunista ou algo do tipo.
Ora, é que mesmo sem a pretensão de promover uma revolução sangrenta, o discurso “crítico” acadêmico é gerador de animosidade e ódio social, dando combustível para movimentos pseudo-sociais que não raramente são tomados por oportunistas e drenam recursos públicos, e que, por vezes, podem sim descambar para atos de violência. Além do fato de que as falácias, ao serem generalistas, podem ser encaradas como um ato de calúnia e difamação.
Também não considero salutar um filho de funcionário ouvir que seu pai é explorado pelo patrão. Eu que pago todos os encargos sociais e cumpro com as obrigações trabalhistas me enojo com a possibilidade real de tal cena vir a acontecer.
Ano passado uma mãe de aluna se indignou com o conteúdo de viés ideológico das apostilas do colégio de sua filha. Não muito antes, em Santa Catarina, uma mãe também se queixou pelo fato de seus filhos voltarem da escola perguntando se seu avô (um produtor rural) era um latifundiário malvado. Por fim o jornalista Ali Kamel abordou o assunto ao demonstrar os disparates ideológicos contidos num livro de História amplamente utilizado pela rede pública e privada.
Uma batalha que há que se travar é a de idéias. Críticas são bem vindas desde que não sejam as velhas bazófias do se conveniou chamar de “esquerda”. Até hoje o que tirou os países da pobreza foi o capitalismo, e uma de suas bases é o respeito à propriedade privada.
Quando digo que tenho críticas a uma parcela dos produtores rurais é pelo fato de achá-los ainda muito pouco capitalistas, ou seja, profissionais e empresarias. E penso que a questão do investimento (ou falta dele) em recursos humanos da mão-de-obra rural é um agravante nisso. Contudo não é por meio de coação ou outro subterfúgio que isto deve ser modificado.
Não há o que se discutir na importância da democracia, da economia de mercado e, no caso abordado, no respeito à propriedade privada. Não é se dobrando as críticas dos que mataram milhões que construiremos um mundo melhor.