Um é de Gustavo Bezerra, do blog do Contra. Outro é uma tradução da The Economist, no blog Resistência.
Gustavo discorre sobre Maio de 68 e a mitologia que cerca a data. Faço algumas observações:
1- De 68, o que teríamos de mais "libertário"ou democrático, seria a tentativa da Tchecoslováquia sair do comunismo e migrando para algo mais próximo da social-democracia. Mas os soviéticos amigos de Fidel, Che, Mao e tantos outros que eram aclamados pelos jovens parisienses, e mesmo brasileiros, sufocaram o movimento reformista tcheco.
A primavera de Praga, a meu ver, deveria ser o grande alvo de estudo de 68. No blog Realismo Socialista há cenas comoventes documentadas. - coincidentemente, tenho uma prima morando em Praga, é casada com um tcheco. Infelizmente, por motivos pessoais, não poderei visitá-la este ano.
2- Fiquei sabendo pelo texto do Gustavo que Nelson Rodrigues disse que não havia nenhum negro na passeata dos 100 mil.
Com certeza, estes movimentos "populares"sempre tiveram muito pouco de povo de verdade. O melhor cronista da época foi chamado de reacionário por seus pares, não?Nelson não engolia essa máscara libertária de 68. Tem um texto dele chamado "O ex-covarde"que é muito bacana.
3- Segundo Gabeira, no Brasil o muro de Berlim não caiu. Depois que entrei na Internet percebi com mais clareza isso mesmo, dentro de alguns debates e "formadores de opinião". Já tinha percebido algo em aulas de História/Geografia na escola e Filosofia/Sociologia na faculdade (cursei um ano de jornalismo).
De forma que não concordo com Gustavo quando ele diz que 1989 não terminou. Pelo menos no Brasil nem começou.
Quanto ao outro artigo:
Trata-se do lançamento de um filme sobre a aliança nazi-comunista e a semelhanças das duas ideologias. Os dois monstros totalitários, coletivistas que buscavam o "bem comum", em detrimento do indíviduo.
O fato de entrarem em guerra depois não é contraditório, haja visto as disputas e mortes entre leninistas, trotskistas, stalinistas, etc. Ou seja, comunistas sempre brigaram e se mataram entre si, esta história de que os nacionais-socialistas eram opositores "naturais" dos comunistas, etc, etc, é balela.
E a notícia de que os russos não gostam de lembrar este passado é interessante. Já li algo a respeito da tal "amnésia histórica" sobre as barbáries na Rússia sob o comando comunista. Ao contrário dos alemães que sofrem por saber dos crimes nazistas, parece que os russos querem varrer a poeira pra debaixo do tapete.
O filme parece documentar um pouco da tragédia de Holodomor sobre a morte de 7-10 milhões de ucranianos. Juntamente com a primavera de Praga, este fato também deveria ser mais evidenciado nos nossos livros de História. Afinal se houve uma nação realmente imperialista e maléfica no mundo foi a URSS e não os EUA, como os dementes nas escolas e faculdades insistem em repetir.
O cineasta letão tem sido alvo de perseguições na Rússia. Pois é, acho que se lançarem um filme no Brasil contra os preceitos esquerdistas, talvez mostrando a verdadeira face da guerrilha, - i.e. porque não mostraram Carlos Lamarca ordenando e acompanhando a morte do Tenente Alberto Mendes Júnior, no filme "Lamarca"?- teríamos as mesmas reações por aqui.
Os textos estão na íntegra e separadamente em posts abaixo desse. Destaco dois excertos ótimos de um e de outro:
"...Enfim, 1968 passará à História não como o ano da liberdade, mas do flerte com o totalitarismo. Não o ano do surgimento de uma nova geração, mais consciente e politizada, mas de uma multidão de palermas e zumbis ideológicos.
Muito mais importante, do ponto de vista político, foi 1989, a meu ver este sim o ano que não terminou. Não apenas porque, tendo nascido em 1974, pude presenciar, ao vivo e a cores, os acontecimentos desta última data, ao contrário daquela, que só existe para mim em livros e documentários em preto-em-branco. Mas principalmente porque, ao contrário de 1968, 1989 foi uma data verdadeiramente libertária, em que os ventos da mudança realmente sopraram em vários países, levando consigo o regime totalitário mais odioso da História.
Infelizmente, esse processo ainda não se completou, abortado em nosso continente pelos remanescentes de 1968, que insistem em restabelecer, na América Latina, o que se perdeu no Leste Europeu. O ano de 1989 ainda não terminou. O de 1968 precisa acabar."
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"...Conforme Françoise Thom (uma dos muitos luminares anti-comunistas que aparecem no filme) explica: “O Nazismo baseava-se na falsa biologia; o Marxismo baseava-se na falsa sociologia”. O sonho marxista do “homem novo”, por exemplo, espelhava a idéia nazista da superioridade racial. Os nazistas matavam principalmente com base em fundamentos raciais, enquanto os soviéticos matavam com base na classe social. Mas assassinato em massa é assassinato em massa."