Por: Janer Cristaldo
Quando surgiram as primeiras notícias de que começavam a faltar carne, leite e ovos na Venezuela, não me surpreendi. Socialismo é isso mesmo. Sempre foi. Nada de espantar que começasse a faltar comida no socialismo do século XXI do fanfarrão Hugo Chávez. E pensei com meus botões: logo vai faltar papel higiênico. O socialismo sempre foi incompatível com papel higiênico. Não deu outra. Li há pouco, em reportagem do Lourival Santana, que começa a faltar papel higiênico na Venezuela.
O papel higiênico foi inventado há apenas 150 anos. É coisa recente em termos de história. Mas seu uso não é lá muito universal. O mundo muçulmano não o usa muito. Os vasos sanitários dos hotéis árabes reservam uma surpresa não muito simpática a seus usuários. Você puxa a descarga... e recebe um forte jato d’água no devido lugar. Aliás, este importante momento da vida de cada um recebeu merecida atenção do aiatolá Khomeiny. Em seus comentários ao Corão, escreveu:
- Não é necessário limpar o ânus com três pedras ou três pedaços de pano, uma só pedra ou um só pedaço de pano bastam. Mas, se se o limpa com um osso ou com coisas sagradas como, por exemplo, um papel contendo o nome de Deus, não se pode fazer orações nesse estado.
Que no deserto não haja papel higiênico, até que entendo. Quando passei quinze dias no Sahara argelino, levei meu estoque pessoal. A verdade é que não tínhamos nem hotel. Dormíamos ao relento ou em habitações sem teto em alguma aldeia. Vaso, nem sonhar. O que é difícil entender é a inevitável escassez de papel no socialismo.
Em todos os países socialistas que andei, conseguir papel higiênico era sempre uma luta contra a burocracia. Nunca encontrei um quarto de hotel com o dito. Era preciso pedi-lo na portaria, e pedir com jeito. Com visível enfado, o burocrata de plantão lhe passava alguns poucos metros de papel. Rolo, nem pensar. Nos dias do glorioso império soviético, os turistas que se dirigiam às repúblicas socialistas sempre recebiam a recomendação de levar sua própria provisão.
Suponho que as coisas não mudaram muito. Estive na Rússia em 2000, nove anos após a desintegração da URSS. Em São Petersburgo, em hotel cuja diária me custou 112 dólares, nada do bendito papel. Aliás, o quarto não tinha nem lâmpadas.
O curioso é que a Venezuela, mais que um país, é um poço de petróleo. É no mínimo espantoso que falte papel higiênico numa república que tem 100 bilhões de barris de petróleo de reserva.
O socialismo tem suas leis inelutáveis.
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(o link original do blog não está abrindo, coloquei este como referência)