sábado, 9 de agosto de 2008

Alguns desserviços da FUNAI e comentários

Voltei. Não tenho muitas novidades. Gostaria de resumir ao máximo esta história e já antecipar o final dela, mas não é tão fácil assim.

Eu achava que as grandes vítimas seriam em ordem: o contribuinte, os índios e a própria antropologia.O segundo e terceiro já estão vitimados. Explico.

Haviam índios que trabalhavam em fazendas, prestando serviços esporádicos. Os fazendeiros com receio de que os antropólogos ou outros profissionais registrassem fotos e alegassem que a fazenda era uma área indígena, simplesmente pararam de dar serviço e gerar renda para os índios. Atitude bem compreensível.Ruim para os fazendeiros e muito pior para os índios.

Parabéns pra FUNAI, primeira cag... feita.

Este estudo é uma coisa típica de burocrata que não tem noção da realidade e das implicações práticas dos atos tomados.

Ah, quanto a antropologia.

Vocês acham que alguém vai ser louco de deixar algum vestígio de resto de aldeia na propriedade? Se havia alguma coisa de sítio arqueológico, coisa que não acredito que ainda existia, foi sumariamente destruído nesses dias. Lógico, óbvio, quem não faria isso?

Imagina que se você soubesse que se achassem algum osso ou artefato indígena no terreno de sua casa e isso implicaria em expropriação, você deixaria lá esperando que fosse descoberto ou esconderia ou mesmo destruiria os artefatos. Destruição óbvia.

E lá se vai algo que poderia somar conhecimento para a ... antropologia!

Parabéns FUNAI, segunda cag.. em série.

Quanto aos contribuintes esperarei outro post para explicar

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Os fazendeiros querem acompanhar os estudos com medo de serem "plantadas" provas de que eram antigas moradias ou cemitérios indígenas. Estão certos também. O tal antropólogo chefe é acusado de fabricar laudos, quem duvida que ele faria esta montagem de provas também.

Aliás descobri que esta coisa de cemitério, terra sagrada, etc, é muito suspeito. Tudo bem, quando há cemitério quer dizer que moraram lá, mas e daí? Eles moraram em várias partes, eram nômades, podem achar cemitérios que os próprios índios desconhecem, por ser de épocas imemoriais.

Mas o que eu descobri é o seguinte, índio bonzinho né, enterra seus mortos com pompa, pois bem.Alguns netos octogenários de pioneiros me relataram da época em que conviviam mais com os índios (1930-1940), "Moranga, quedio", vinham pedindo para trocar o vegetal pelo queijo da fazenda.

Uma vez falaram "Bobó não pesta mais. " Quem era bobó? A velha avó, que não ajudava mais em nada, só dava trabalho. O que os bons índios fizeram? Adentraram ela na mata e a abandonaram, esperando que morresse à míngua ou vitimada por alguma onça. Que gratidão, que bonzinhos!

Observem que se hoje acharem os ossos daquela velha vão falar que ali é terra sagrada dos índios. Besteira.

Mas o melhor é que disseram que a velha não morreu. A bobó, conseguiu achar o caminho de volta pra aldeia. Daí em diante os senhores que me relataram a história não sabem que fim teve a história.

Há muita romantização dos índios, ou muita relativização cultural

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Alguém pode falar "Putz, mas esse cara só quer ferrar os índios". Não senhores, até acho que seja justo que se averiguem algumas áreas para eles, todas devidamente indenizadas, óbvio.Como deveria ser feito?

1- Há áreas realmente "griladas" no sul do estado?

Se houverem áreas em que houve apropriação INDÉBITA pelo ATUAL proprietário, esta área deve ser passível de desapropriação, com indenização a ser estudada pelas benfeitorias feitas e talvez fosse o caso também de se pagar o valor da terra nua, haja vista a lei do usucapião.

Agora, se esta área que a princípio foi grilada, mas depois foi ADQUIRIDA e já está na mão de terceiros, óbvio que ela deve ser indenizada integralmente.

2- Quais aldeias foram "espremidas"desde seu começo?

Consta que há aldeias que foram fundadas com 600 habitantes e 3 mil hectares. É pouco? Acho que é pouco sim. Deveria ser feito uma média, eu acredito que deveriam ter destinado (para esta aldeia), algo como 6 mil hectares, ou talvez 10 mil, no máximo.

Estas áreas poderiam ser adquiridas em outros munícipios que não estes com terras agricultáveis. Falando sério, é um desperdício que terras altamente produtivas se tornem reservas. Poderiam juntar com a reserva Kadiwéu em Porto Murtinho, ou em outras áreas de Corumbá.

Hoje tal aldeia mencionada tem mais de 10 mil pessoas. Não é mais uma aldeia, se parece mais com um assentamento rural, cheio de chacrinhas. Pouca terra não dá camisa pra ninguém mesmo, qualquer um do meio rural sabe disso.

O aumento populacional é natural, e ocorrido por todo desenvolvimento capitalista que obtivemos até hoje. Ficar dando terras continuamente para estes indígenas não resolveria, é um saco sem fundo.

Estes índios "excedentes" têm que entrar no mercado de trabalho para sair da miséria e da dependência estatal. Ou então, se quiserem REALMENTE viver como silvícolas, que arrumem uma passagem só de ida pra Amazônia para eles.

Quê? Caça, ecologia? Bom aí a briga fica entre antropólogos e ecologistas

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Olha eu falei isto acima mas não acho que vai ocorrer nada disso.

A pior opção é entregar estes 3 milhões de hectares pra FUNAI.

A segunda pior é não se fazer nada e apenas adoçar a boca de indígenas para em seguida nada mudar.

A melhor? Seria aumentar algumas reservas sem perder área produtiva, apenas para não ser injusto com algumas aldeias que na sua fundação ficaram espremidas entre as fazendas, mas principalmente:

Fazer entrar na cabeça de índios e antropólogos que os índios são brasileiros sujeitos aos mesmo direitos e deveres e procurar a melhor forma de entrar no mercado de trabalho e num sistema produtivo eficiente.

Ah, dizem que há mais de 40 mil índios guaranis, que têm problemas, etc. Boa parte destes índios residem no Paraguai e entram no Brasil sem nenhum controle. Se se cogitar de demarcar terras indiscriminadamente vocês verão, será uma invasão paraguaia no Brasil, vai vir índio paraguaio até do Chaco pra cá.

Olha é tanta coisa errada, tanto absurdo, que nem dá pra ficar falando tudo. Vou ficar por aqui. Até mais.