terça-feira, 28 de agosto de 2007

Direita x Esquerda – 2º round


O discernimento de direita pode ser ambíguo e complicado. No Brasil, em âmbito acadêmico, geralmente é associado a interesses pessoais e oligárquicos em desfavor do interesse comum. Na mente esquerdista, a direita assumiria o lado dos ricos e poderosos que impiedosamente exploram os fracos e oprimidos não deixando estes terem uma vida melhor e mais digna.

Nada mais falso e ilusório. Mercantilismo, exploração e patrimonialismo não são coisas criadas e cultivadas pelo que poderíamos chamar de direita. Direita e esquerda nasceram juntas na Revolução francesa, ambas com o mesmo ideário iluminista de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que diga-se de passagem apenas foi usado pelos dois grupos como pano de fundo para tomada do poder. Só que a primeira teve o intuito de fazer uma evolução moderada e a outra de fazer uma revolução radical (desculpem o pleonasmo).

Com o passar do tempo pode-se atribuir a direita um pensamento de liberdade individual, com o capitalismo, de forma implícita, defendido na Revolução Americana. O indivíduo seria responsável por seus atos e decisões, mesmo que isso implicasse em desigualdades naturais na sociedade.

Já a esquerda se apegou a um sistema de igualdade coletivista, com o comunismo/socialismo, proposto pela Revolução Russa, que oprimiu a liberdade individual e resultou num nivelamento por baixo da sociedade, ou seja, todos eram iguais, mas todos eram pobres, à exceção dos que haviam tomado o poder.

É interessante notar que a realidade se impôs às ideologias. O sistema individualista, mesmo permitindo desigualdades, foi mais justo e produziu sociedades mais prósperas, e até mesmo menos desiguais, do que os sistemas coletivistas, que invariavelmente se tornaram ditaduras.

Embora o conceito de Liberdade possa ser vago para uma pessoa com restrições financeiras, isto pode ser sanado com as oportunidades geradas por sistemas individualistas “saudáveis”, não obstante o fato que a rede de proteção social existe em maior ou menor grau nos países que não optaram pelo sistema coletivista e o papel do Estado no combate a pobreza foi bem preconizado por Milton Friedman no seu livro “Capitalismo e Liberdade” .

Alguns defensores da síntese dos dois sistemas propõem o que chamam de socialismo, citando os modelos de países europeus, sobretudo escandinavos. Mal sabem que tais sistemas nada mais são do que sociais-democracias baseadas no Welfare State, ou seja, o Estado do bem-estar social. Para resumir é importante saber que o Welfare State foi criado por Keynes após a crise de 29 nos EUA (historicamente atribuída ao livre-mercado, causa atualmente refutada pelos liberais) e perdurou até as reformas de Reagan na década de 80.

Sim meus amigos, os EUA passaram por 50 anos do que foi a base da social-democracia, e não a abandonaram totalmente. Contudo, reformas liberais tiveram que ser tomadas para que o país saísse do desemprego e crise financeira. Se os marxistas estão mais de 50 anos atrasados, pois já na década de 60 sabia-se que os paraísos do proletariado nada mais eram do que simulacros de presídio, os sociais-democratas keynesianos (embora capitalistas) estão mais de 20 anos atrasados.

No Brasil a escassez de um pensamento ou base acadêmica para um pensamento de direita, faz com que ocorra uma hegemonia do que poderíamos chamar de produção intelectual de esquerda, e o que é pior, de cunho anti-capitalista e marxista. Pessoas imbuídas do melhor sentimento humanitário recitam asneiras aos borbotões, não sabendo que vendem falsos remédios para nossos males.