terça-feira, 28 de agosto de 2007

Direita x Esquerda – 3º round


Escrevo o último texto com esse título que remete a uma luta de boxe. Faço isso apenas para não ficar repetitivo pois muitos mais textos deveriam ser feitos até se haver um maior nível de informação que jogue um pouco mais de luz num assunto que na maioria das vezes foi um monólogo e não um debate ou confronto de idéias.

Concordo que alguns possam dizer que a discussão possa ser anacrônica e até demodê, mas infelizmente acho que não o é. Tanto que na última eleição presidencial tivemos quatro presidenciáveis no quais dois (Cristovam Buarque e Heloísa Helena) citavam claramente a esquerda, outro (Geraldo Alckmin, o mais próximo da direita) falava que estava “mais a esquerda” de Lula e este por sua vez, embora falasse que nunca tinha sido de esquerda (o que acredito piamente, pois ele é uma pessoa esperta e que se agarrou na oportunidade do ambiente em que estava à época de sindicalista) , tinha ao seu lado todo o aparato de movimentos ditos sociais e estava coligado com partidos como PC do B.

Alguém disse que representava a direita? Falava-se em crescimento econômico, geração de empregos, obras, qualidade de serviços, mas porque quando o assunto era lado político todos se esquivaram da palavra direita e três elegeram a palavra esquerda na sua declaração?

Então não é vergonha se dizer de uma vertente política que matou mais de 100 milhões de pessoas no Oriente e no Leste Europeu, que trava o crescimento e produz desemprego em alguns países europeus e que na América Latina teve a figura de caudilhos populistas que somente deram esmolas mas nunca geraram desenvolvimento e realmente tiraram da pobreza sua população? Ah sim, me esqueci de citar o carniceiro do Caribe o comandante Fidel Castro com suas milhares de execuções sumárias em Cuba.

E é vergonha estar do lado da vertente política e econômica que gerou os países mais prósperos do mundo?

O problema é que a alcunha de direita, no Brasil, está associada aos abastados da sociedade, ou aos fisiológicos que se apinham no poder independente do governo que lá está. Parece estranho quando falam que não há direita política no Brasil, mas de fato é escassa uma direita que seja representativa de valores como há em outros países. Tanto é que Roberto Campos reclamava por ser uma voz solitária no congresso nacional e nenhum de seus projetos foi aceito para ser incluso na constituição de 1988, aquela que ele falou que travaria o desenvolvimento do país, ao contrário do PT que a considerou muito pouco socialista.

Também a conotação negativa se dá em parte pela associação com o governo militar, claramente anti-comunista, ou anti-subversivo, até aí bom, mas que demorou em devolver a democracia ao país, gerando desgaste em sua imagem. Foi pena este “governo de direita” ter optado por um modelo de desenvolvimento baseado em crescimento e gigantismo estatal. Com certeza não é o modelo de países que alguém que possa ser chamado de direita se espelharia para gerar um desenvolvimento sustentável.

As poucas vezes que tivemos algumas medidas capitalistas eficientes, como no governo de JK, foram tiradas da pobreza milhares de pessoas com o ingresso de capitais e investimentos no país gerando empregos e renda ou como no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso onde com a estabilidade econômica, os trabalhadores não tiveram seus salários corroídos pela inflação e puderam adquirir bens de consumo antes quase inalcançáveis, enquanto os setores produtivos se tornaram mais profissionais e empresariais e saíram da ciranda financeira irreal.

Penso que competência e trabalho devam ser o norte vindouro que definirão quem será eleito pela população, independente de rótulos que podem ser ambíguos. O muro de Berlim já caiu, acredito que a realidade se impõe as ideologias e que este debate é sobretudo acadêmico. Mas também acredito que as idéias ajudam a formar a consciência de um povo e que no Brasil boa parte dessas idéias estão no mais completo atraso e obscurantismo.