domingo, 13 de setembro de 2009

Marionetes de Marx



No seu artigo “Neoliberalismo e a crise” publicado recentemente pelo jornal Correio do Estado de Campo Grande - MS, o professor Hajime T. Nozaki discorre sobre a dita doutrina e a atual conjuntura mundial. Aliás, não existe “neoliberalismo”, mas sim o liberalismo fundamentado nas mesmas idéias de Adam Smith. Farei algumas observações ao citado artigo.

Friedrich Hayek realmente escreveu sua obra-prima “O Caminho da Servidão” em 1944. Contudo, o livro não se constitui num manual de como seria a doutrina liberal no campo político-econômico, mas foca mais nos fundamentos teóricos coletivistas que levaram à formação do nacional-socialismo (nazismo), fascismo e do comunismo. Hayek também não poupou críticas ao keynesianismo, representado pelo Welfare State.

O colapso dos sistemas totalitários comunistas foi bem prenunciado por Ludwig von Mises, pela incapacidade de tais sistemas gerarem preços reais e factíveis para a Economia, daí a escassez generalizada que havia em tais países. Mas é a Hayek que é atribuído o apontamento para a maior causa da ruína dos países que adotaram os modelos marxistas-leninistas: a ausência de liberdade individual.

É simplesmente um erro ligar “O Caminho da Servidão” com a atual crise mundial, como fez o professor Hajime. Como já disse, o citado livro não é um manual, mas sim um alerta sobre o processo de perda da liberdade individual; e também porque esta crise econômica não é advinda do liberalismo.

Se o professor leu um outro liberal, Milton Friedman, da escola de Chicago, vai saber que a crise de 29 não foi causada pelo livre mercado, da mesma forma que a atual, ao contrário do que muitos papagueiam, não é.

Algumas obras recentes já demonstram as impressões digitais do governo na atual crise, mas em especial gosto de assistir no youtube alguns vídeos que trazem o médico e político Ron Paul explicitando que os juros artificialmente baixos exercidos pelo FED, entre outras coisas, desembocariam numa crise. O vídeo é de 2005. Num mesmo link há um vídeo de Ron Paul de 1983 também anunciando uma futura crise em decorrência da política econômica governamental. A crise veio em 1987.

Ah, sim, Ron Paul tem um quadro com a imagem de Hayek no seu escritório. E mais também, Ron Paul é quase uma voz solitária no partido Republicano. O seu antigo partido, o Libertário, que é realmente calcado nos ideais liberais, não tem representatividade política relevante.

Há aí um outro ponto importante: é simplesmente falso que o “neoliberalismo” seja hegemônico, como disse o professor Hajime. Se fosse, os países ricos não fariam subsídio agrícola e nem praticariam um proteccionismo de mercado em desfavor dos nossos produtos. Há uma lista de coisas as quais os liberais são contra e que se fazem presente na Economia mundial.

Ainda no seu artigo o professor Hajime afirma sobre o “neoliberalismo”:

“...a sua aplicação tem levado os trabalhadores às duras penas.”

Grande equívoco. As menores taxas de desemprego do mundo estão nos países que adotaram medidas liberais. O Chile que foi citado pelo professor Hajime, é um exemplo na América Latina. Sugiro que o professor Hajime procure o índice Heritage de Liberdade Econômica. A correlação entre liberdade econômica e menor índice de desemprego é notória.

“... o neoliberalismo trouxe um aprofundamento da desigualdade e da miséria no mundo inteiro.”

Agora vou usar as palavras corretas: isto é mais uma MENTIRA, uma MENTIRA que é usada compulsivamente por uma leva, ou turba de pseudo-intelectuais.

As idéias liberais do século 19 contribuíram para derrubada de algo que acompanhou a Humanidade por milênios: a escravidão. As idéias liberais no século 20 serviram de contraponto aos sistemas totalitaristas e quando postas em prática deram o empurrão final nas combalidas repúblicas comunistas. No final do século 20 e início do século 21 assistimos milhões de pessoas saindo da pobreza generalizada graças ao capitalismo referendado pelas idéias liberais.

O professor Hajime ainda cita a África como se lá fosse um lugar que tenha a ver com “neoliberalismo”. Não há nada mais distante do liberalismo do que a África. Peço novamente que ele consulte o índice Heritage. Os últimos países do citado índice são os poucos países comunistas que persistem no mundo, como Cuba e Coréia do Norte, e a maioria dos países africanos. Aliás, a famélica Zimbábue do ditador comunista Robert Mugabe, por acaso é “neoliberal”?

Incomoda-me o fato de apontarem tantas “crises” no capitalismo, sem eu nunca ter os ouvido apontarem alguma crise nos países socialistas, mesmo com as pessoas arriscando as vidas para saírem deles. Incomoda-me falarem que o “neoliberalismo” trouxe a miséria, sem nunca falar que o marxismo tem a ver com as mais de 100 milhões de mortes do comunismo e que mesmo Hitler apenas copiou seus campos de concentração dos Gulags soviéticos.

O professor Hajime não está sozinho, sua coleção de equívocos é repetida por gente teoricamente gabaritada, Emires Sáderes e Marilenes Chauís da vida, e reproduzem-se em salas de aulas tanto de ensino universitário quanto de ensino médio, deformando opiniões.

Para quem tiver interesse, “O Caminho da Servidão” e outras obras do gênero podem ser obtidas gratuitamente para download neste endereço: http://www.ordemlivre.org/ebooks

Eu ponho-me a disposição do professor Hajime para um debate. Meu e-mail está logo abaixo. Aliás, desafio ele e qualquer outro que tenha opiniões semelhantes. Como disse Mises: “Idéias, e apenas idéias, podem iluminar a escuridão”.

Obs: O artigo original saiu com o título de "Os macacos Marx". Como acho que fui um pouco grosseiro, mudei o título. Mas já havia encontrado a foto do macaquinho de óculos e que achei muito simpático, então é ela que ilustra o texto.