domingo, 28 de outubro de 2007

Quem são mesmo os golpistas?


Irretocável o editorial do Correio Brasiliense que extraí do site do Diego Casagrande. Engraçado, me passa na cabeça uma série que podia ter o nome de: "1964, o ano que não terminou."


TRAMA-SE UM GOLPE
27.10, 14h00
Editorial do Correio Braziliense

Seria apenas ridícula se não fosse perigosa para a democracia brasileira a iniciativa dos deputados Carlos William (PTC-MG) e Devanir Ribeiro (PT-SP) que já não têm o pudor de negar que estão trabalhando para mudar a regra constitucional, com o propósito de garantir mais um mandato ao presidente Lula e, como consolo, também aos atuais governadores e prefeitos. Eles naturalmente gostariam de prolongar a vida que hoje desfrutam na sombra e no conforto de quem é da base aliada de um governo sempre muito generoso nas negociações. Não importa o quanto isso custe de atraso e de desconstrução do Estado de Direito e do ordenamento jurídico e institucional do país.

Há muitas maneiras de engendrar o golpe de modo a dar a ele aparência de boa-fé e enganar os menos avisados e mais sujeitos às malandragens e às armações de políticos sem escrúpulos. Uma idéia é colocar em discussão a reeleição, instituto até hoje mal-aceito por muita gente. Funcionaria como espécie de cunha para abrir uma brecha e alterar o consagrado paradigma da alternância no poder que é, esta sim, um instituto tão caro aos democratas e, por isso mesmo, verdadeiro pesadelo para os candidatos a ditador.

Em meio a esse debate aparentemente sadio, surgiria então a proposta de um plebiscito, facilmente conduzido por quem está no poder, para tirar do eleitorado um sim a uma proposta de emenda constitucional que permita a Lula disputar mais um mandato. A constatação de que uma armação dessa gravidade já é assumida com despudor pelos autores está a exigir que o próprio beneficiário, o presidente Lula, faça mais do que discurso negando participação na trama.

"Não tem essa de o povo pedir. Meu mandato termina no dia 31 de dezembro de 2010", disse ele, em entrevista há exatos dois meses. "Eu reafirmo que a alternância de poder é exigência extraordinária para o exercício da democracia", acrescentou Lula. Terá sido, então, falso o presidente? Seu discurso é apenas de ocasião e pode mudar se as armações oportunistas de deputados do baixo clero derem sinais de que podem vingar?

A verdade é que começa a preocupar as pessoas de bem a desenvoltura com que se declaram os autores da proposta de tão indecoroso casuísmo. O mínimo que se espera do próprio presidente Lula é uma enérgica desautorização pública para que a sociedade se tranqüilize quanto ao total abortamento dessa abjeta traição à democracia brasileira.


Ao invés de se discutir o fim da reeleição, ou a extinção da possibilidade do mesmo mandatário disputar uma terceira eleição para o mesmo cargo após ocupá-lo duas vezes, a exemplo do que é nos EUA, estamos temendo a possibidade de uma ditadura branca.

Pff, é Brasil mesmo, mas os petistas que se cuidem, Lulla teve maioria mas perdeu nas regiões economicamente mais importantes do país.

Sabem de uma coisa? Vou dormir.