De acordo com dados apresentados pelo pesquisador da Embrapa Gado de Corte (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), de Campo Grande/MS, Gelson Feijó, a cada quatro animais abatidos, um representa lucro líquido para o frigorífico, em função do completo aproveitamento dos sub-produtos, como sebo, couro e miúdos, sobre os quais o produtor não recebe qualquer remuneração.
Segundo Gelson Feijó, os frigoríficos conseguem lucratividade através da comercialização desses produtos e que não são pagos aos pecuaristas. “Se a indústria dependesse somente da venda da carcaça, teria prejuízos, pois entre o que ela paga e o que vende aos varejistas, perde pelo menos 2%”, afirma Feijó, que comprova esta afirmação apresentando dados de um frigorífico que paga R$ 936,00 por uma carcaça e a vende a R$ 906,00, ao varejo.“Desta forma fica evidente que é com os sub-produtos do boi que as indústrias conseguem obter lucratividade, que por sua vez vai depender da eficiência da própria indústria na exploração e busca por clientes para esses sub-produtos”, esclarece o pesquisador.
O varejo:
Segundo Feijó, os estudos demonstraram que em toda a cadeia produtiva da carne, quem fica com a maior parte do lucro é o mercado varejista. “Eles pagam, em média, R$ 4,00 reais o quilo de carcaça, e vendem a R$ 14,00 o quilo do filé, e de R$ 14,00 a R$ 20,00 o quilo da picanha”, revela Feijó, que com isso demonstra quem atualmente leva a melhor na pecuária de corte.
Exclusividade brasileira:
Segundo o presidente do SRCG, José Lemos Monteiro, o fato de as indústrias frigoríficas pagarem apenas pela carcaça, só ocorre no Brasil. “Em todo o mundo o produtor é remunerado pelo quilo vivo do boi. Apenas aqui somos pagos pela carcaça, sendo que produzimos o sebo que vira sabonete, biocombustível; o couro que se transforma em calçados e muito mais”, pondera ele.
Monteiro informa também que o couro, hoje, é o principal sub-produto de origem bovina, representando cerca de 17%do peso de um animal, ou o equivalente a 40 quilos se tomarmos como exemplo um animal padrão de 240 quilos. “Este couro é exportado para vários países, rendendo mais de 2 bilhões de dólares ao ano, mas nada é repassado ao criador”, indigna-se o presidente do sindicato.
Mais riquezas
Outro sub-produto bastante valorizado são as pedras retiradas da vesícula biliar do animal, que depois de processadas são utilizadas para estimular ostras a produzirem pérolas, “ Isso também é vendido a preço de ouro para , mas que não vemos a cor do dinheiro”, ressaltou o produtor e leiloeiro rural, Tonhão, presente no Café da Manhã.
Comento:
Vou deixar a pecuária e montar um açougue...
Um pouco mais:
Com um custo de produção da arroba de R$ 45,oo e um preço líquido de venda de R$ 60,00 temos uma lucratividade de 33% para os produtores. Não é um mal negócio. A produtividade de 6 a 8 arrobas por hectare é que leva uma baixa capitalização do produtor.
Quanto ao varejo ganhar mais depende. Um boi não é só picanha, filé, etc. Faltou "desmontar" todo o animal e chegar a um preço total de compra e de venda do produto para se ter a exata compreensão do lucro do varejo, cujo custo também não consiste só em valor de compra da carcaça.
No fim voltamos a velha Lei da Oferta e da Procura.
Mas que Indústria e Varejo mandam mais (inclusive com práticas de cartelização) na cadeia da carne isso não há dúvidas