domingo, 2 de novembro de 2008

A valentia dos vermelhos





Depois da publicação do meu primeiro artigo sobre a questão indígena fiz uma pesquisa no Google para ver as referências a ele. Deparei-me com uma crítica de Egon Heck, chefe do CIMI, o Conselho Indigenista Missionário. Heck me contrapunha dizendo que quem deveria se realocar no estado eram os brancos que chegaram depois e destruíram o meio ambiente.

Ok! Pensei eu. Desde que ele dê o exemplo, posso ponderar o caso. Como ele não publicou sua crítica no jornal onde ele lera meu artigo (Correio do Estado, 30/07/08), achei por bem não respondê-lo.

Em artigo posterior falei que o CIMI nutria devaneios socialistas camuflados por verniz humanista. São obsoletistas ideológicos que na verdade prestam um desserviço aos índios. Tive quase certeza que Heck me responderia. Nada.

Um outro, Mieceslau Kudlavicz, publicou um artigo que muito parecia com umas aulas de Geografia e (um pouco menos) História que tive no início da década de 90. Basicamente passava a idéia dos latifundiários do Mal contra os índios do Bem.

Refutei-o parágrafo por parágrafo e aí sim convidei meu contendor em dar o exemplo e deixar esta terra apenas para os índios.

Como Heck é do Conselho Indigenista Missionário e Kudlavicz é da Comissão Pastoral da Terra, decidi pedir de volta um livro que havia emprestado a um amigo. Está lá no capítulo “O Fuzil e a Batina” que fala sobre a Teologia da Libertação: “... uma dose de Hegel, uma pitada de Marcuse,...”.

Espada em punho, espero meu inimigo. Mas ele não veio. Ah, que pena, o bárbaro não veio.

Qual minha surpresa quando dias depois o artigo do Kudlavicz aparece num site desses onde os dinossauros se encontram. Ao invés de tentar debater ou se calar, Kudlavicz espalhou suas falácias num ambiente onde só irão bater palmas para ele.

Acho que eles são assim mesmo. Mostram-se corajosos somente em aulas para recém-adolescentes, ou insuflando o seu lúmpem-proletariado personificado pelos índios, e, claro, na mídia amiga.

Mas o melhor vem agora. Egon Heck narrou em artigo a sua ida à Europa onde coletou assinaturas em prol dos Guarani-Caiuás. Vai mostrá-las ao presidente Lula. Como os europeus pensam que o Brasil se resume em Rio de Janeiro e selva amazônica, não sei se eles seriam as pessoas mais apropriadas para apontar soluções para o nosso caso.

Engraçado, antigamente esta turma chegada numa luta de classes não admitia intromissão estrangeira em assuntos internos. Qualquer coisa parecida adquiria a alcunha de “imperialismo”.

Bom, mas se Heck viajou para a Europa, provavelmente custeado pelo CIMI (ainda bem que não ando mais pagando o dízimo, olha no que dá), eu gostaria que alguma entidade de produtores me pagasse uma viagem aos Estados Unidos.

Sim, lá nos EUA eles fizeram tudo de errado a princípio. O cinema americano se vangloriava na conquista do oeste com o sangue dos Apaches. E hoje como está a dívida histórica deles para com os indígenas? Não está, não há dívida histórica. Os índios são donos de cassinos, enriqueceram e se integraram na sociedade americana.

Eu vou ao Morongo Casino Resort Spa em Los Angeles. Posso levar alguns índios brasileiros comigo e coletar umas assinaturas para que eles possam abrir uns cassinos por aqui também. Eu seria um cliente fiel e talvez aí sim contrairia alguma dívida com eles.


*
Links dos valentes:

http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=35699

http://www.adital.com.br/banners/2%20link%20PT%20OK%20Egon%20Heck%20JEROKI%20GUASU%20-%20Miss%E3o%20Identifica%E7%E3o.doc

http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=35454


*

Foto do texto: Eu debatendo com o Kudlavicz